A produção de biodiesel de pinhão-manso é amplamente viável, pois pode alcançar duas toneladas de óleo por hectare ao ano
Especialistas têm coletado variedades de pinhão-manso da América Latina para pesquisas.
A vegetação do Brasil é muito rica em pinhão-manso (Jatropha curcas), o que o torna uma excelente alternativa como matéria-prima para produção de biodiesel. O óleo extraído dessa planta é superior ao de mamona para obtenção de biocombustível. Seu cultivo é amplamente viável, pois pode chegar a duas toneladas de óleo por hectare ao ano. A árvore se desenvolve muito bem até mesmo em solos marginais (de difícil cultivo) e em regiões com baixo índice pluviométrico (menos de 400 mm/ano).
Segundo os professores Nagashi Tominaga, Jorge Kakida e Eduardo Kenji Yasuda, do Curso CPT Cultivo de Pinhão-Manso para Produção de Biodiesel, a planta pinhão-manso leva entre três e quatro anos para atingir a idade produtiva, que se estende por 40 anos. Além disso, é altamente resistente a doenças e pragas (os insetos não a atacam, pois as folhas e os ramos expelem látex cáustico quando sofrem injúrias).
Embora seja uma planta originária da América Latina, o pinhão-manso é cultivado em larga escala na Índia, em especial nas terras improdutivas. A produção é destinada ao mercado interno, como combustível principal de máquinas agrícolas, veículos de transporte e toda a agroempresa indiana. Com isso, o país é autossustentável e independente da importação de combustível de outros países.
Na África, alguns projetos vêm sendo elaborados para a implantação do pinhão-manso em regiões desérticas, para impedir o avanço do deserto. Recentemente os africanos estão utilizando a planta também com a finalidade de produzir biodiesel, pois há anos o país enfrenta uma séria escassez de combustível nos setores agropecuário e de transportes.
Alguns especialistas brasileiros estão percorrendo a América Latina para coletar as variedades de semente de pinhão-manso existentes. O objetivo é desenvolver estudos para análise do rendimento do óleo, do grau de adaptabilidade a solos improdutivos, além da resistência à seca. Com a ajuda da genética, os cruzamentos entre as melhores variedades podem formar híbridos com alta produtividade de sementes e alto teor de óleo.
Este é mais um avanço tecnológico em prol de um combustível renovável e não agressivo ao meio ambiente. Sem falar que o combustível fóssil tem seus dias contados no globo terrestre. Não é à toa que países como Brasil, México, Etiópia, Egito, Índia, China, entre tantos outros, estão investindo em projetos com o pinhão-manso.
Por Andréa Oliveira.
Fonte: Biodieselbr.